Esse rei que vou falar
Não é Nelson, nem Pinduca
Nem Roberto e nem Luiz
Ele é mais do que brazuca
Foi amado pelo mundo
O nosso mestre SIVUCA.
Tornou-se espelho pra muitos
Que seguiram seu exemplo
Foi como o REI SALOMÃO
Na construção do seu templo
Por isso que ainda hoje
A sua arte eu contemplo.
Cantor SEVERINO DIAS
De Oliveira, portador
De um talento exemplar
Maestro, arranjador
Compositor, sanfoneiro
Regente, orquestrador.
26 do mês de maio
Só não lembro a semana
Mil novecentos e trinta
Eita que data bacana
Nasceu nosso rei SIVUCA
Na rainha ITABAIANA.
José Dias de Oliveira
E Abdólia Arlbertina
Geraram esse fenômeno
Albino, cor de platina
Que com apenas nove anos
Já tocava concertina.
Mesmo sendo uma criança
Já mostrava afinidade
Com seu fole roncador
Tocava com habilidade
Sempre aos finais de semana
Nas feirinhas da cidade.
Nessa época não existia
Postar vídeo no youtube
Mas quando Deus abençoa
Não há cristão que derrube
Com 15 anos SIVUCA
Trabalhou na Rádio Clube.
Com a ida pro Recife
Tudo foi se desenhando
Ele muito caprichoso
Cada dia melhorando
Firme e forte no seu sonho
E Jesus abençoando.
Aos poucos eu vou tentando
Aqui contar sua saga
Ainda na Rádio Clube
Conheceu Luiz Gonzaga
Gonzagão quase falava
Na minha banda tem vaga.
Já com seus 18 anos
Começou estudar harmonia
Com o professor fluminense
Aprendeu enarmonia
O mestre Guerra do Peixe
Te deixou em sintonia.
Com seus 19 anos
Viu um convite chegar
Da eterna Carmélia Alves
Uma cantora exemplar
Pedindo para SIVUCA
Seu próximo disco gravar.
Lá pelos anos 50
Nasce um disco em união
O primeiro de SIVUCA
Naquela ocasião
Junto com Humberto Teixeira
Nossa doutor do baião
SIVUCA em 55
Foi pro Rio de Janeiro
Na RÁDIO E TV TUPI
Ele foi um pioneiro
Mostrou para o Brasil
A arte do sanfoneiro.
Jucelino Kubitschek
Assinou por ser humano
A lei Humberto Teixeira
Em 57, o ano
Favorecendo a SIVUCA
O voo sobre o oceano.
Morou um tempo em Lisboa
Depois fez nova mudança
Foi pra outra capital
Paris, capital da França
E lá foi considerado
O melhor na liderança.
Sua primeira temporada
Na EUROPA companheiros
Foi com um grupo musical
Formado só por guerreiros
O nome do grupo era
Chamado de ‘’OS BRASILEIROS’’
No ano 64
Vai pra terra americana
Junto com MIRIAN MAKEBA
Uma cantora africana
Viaja o mundo inteiro
Em uma turnê bacana.
Na terra do TIO SAN
Fez projetos musicais
Com o mestre Hermeto Pascoal
Com POUL SIMON, e muito mais
Compôs para vários filmes
Nas formas mais naturais.
Com Paulinho Tapajós
Compôs, ‘’tempo dos quintais’’
Também ‘’cabelo de milho’’
Que combina com os metais
‘’João e Maria’’ com Chico
A eleita dos portais.
No ano 75
Seu coração se renova
Casa-se com a Glorinha
17 anos mais nova
Fazem ‘’feira de mangalho’’
E CLARA NUNES aprova.
Compôs para os trabalhões
Trilha bem elaborada
Pro filme de 82
Feito na serra pelada
Fez também pro vagabundos
Trabalhões, na temporada.
Por volta de 85
O rei Luiz ele acessa
Asa branca ele inova
Escreve primeira peça
Sinfônica, com maestria
E sua alegria expressa.
Lança em 92
Seu CD na Dinamarca
No ano 2003
Pra Paraíba embarca
E grava com a orquestra
Mostrando a sua marca.
Foi o choro de cordel
Seu último trabalho em vida
Com o grupo UIRAPURU
E GLORINHA envolvida
KUARUP fez um CD
Pra mente desenvolvida.
SIVUCA e o acordeon
Andaram sempre em conjunto
No jazz, na bossa ou no rock
Ali seu fole ia junto
Nos 4 cantos do mundo
Sanfona era o assunto.
SIVUCA quebrou barreiras
E nunca se afrouxou
Defendeu seu membro extra
Na guarda, não relaxou
Por causa da sua bravura
O preconceito baixou.
Foi o poeta do som
Ligeiro como os coriscos
Tocar difícil foi fácil
Pois nunca fugiu dos riscos
Durante sua carreira
Lançou mais de 30 discos.
Tocou BACH e PIXINGUINHA
apreciou os aromas
Seu ouvido absoluto
Identificava as comas
Esse ser iluminado
Falava 6 idiomas.
Mas como nada é pra sempre
Em 2006 morreu
Lutou mais de 30 anos
Contra um câncer que sofreu
Essa notícia tão triste
Pelo mundo ela correu.
SIVUCA deixou semente
A Flávio de Oliveira
é a sua única filha
Que nunca enxergou barreira
Pra no mastro do afeto
Conduzir sua bandeira.
Ele hoje está no céu
Tocando em união
Com NOCA e ABDIAS
JOÃO DO VALE, CAMARÃO
DOMINGUINHOS, MARINÊS
ARY LOBO, GONZAGÃO.
Até o próprio BEETHOVEN
Está no mesmo terreiro
Mário Zan admirando
Como um bom brasileiro
Coroné, Lindú, Cobrinha
E o Jackson do Pandeiro.